Dei bótoli a la carta igiénica - Roberto Arroque e Ademar Lizot

terça-feira, 26 de março de 2019

Stòria de Roberto Arroque
Tradussion de Ademar Lizot

La abitùdini de igiéne dela populassion atual del nostro paese , adesso la ze compagno
dei popoli del primo mondo. Tutavia nò le mia stato sempre cossì, parvia che fin la carta
igiénica, sti ani nò la zera mea recognossuta come indispensàbile.
Ancora nel fine dei ani sincoanta, sempre intra meso í preparative d`na granda festa in
so casa, í Signori contadini, se anca í fussi pieni de abondansa, í pareciea na stragranda
quantità de bòtoli de milio, tuti neti e pieni de teneressa, par fornir la “patente”, che zera
come se ciamea la caseta sanitária nte che`i ani. Però sti bòtoli i gaveva anca na granda
concorensa e la carta-igiènica squase gnanca particepea, zera l`é foie “lengua de vaca”,
gratanto prestìgiade par tutiquanti e gaveva anca altre erbe de altre qualità. Però el mistier de
netarse el cul nte che`i ani, bisognea anca sapiensa, parvia che tante de quele erbe le podeva
menar brute ricordi d`una cussolada ntea caponera a la maniera de sti ani, come parla ntei so
versi el grando poeta Jayme Caetano Braum, -“che zera netar el cul con careson nel stilo dei
gaussi”. Ricordo che nte na volta el grando contador de stòrie Nelson Ribeiro, quando el zera
ancora tossatel dela scola maestro Zambenedetti, che la zera andove di de ancoi l`é localizà el
club Gausso, nel centro dela cità de Serafina Correa, alora na volta quando el ga sentisto el
sonido dela campanela anunciando el finimento del recreio e lu ancora incuciado zo ntel
careson davanti la scola, nte quel s-ciantin el ga ciapà in man co sveltessa, par netar el cul, un
massolin de erbe che zera darente. Però par desgrassia quele erbe zera de quele rabiose, più
cognossesta come erbe “brusa cul”. Dopo de quela “netada ala gaussa”, el ga vivesto na
situassion dramàtica, tanto che`l maestro Zambenedetti ghe ga toca de menarlo a so casa par
so femena pareciarghe un bagno de “aqua-malva” e dopo anca na compressa de àqua de rose,
che ga permesso el ritorno a la scola, co meno dolori.
Í bòtoli de milio e erbe í gaveva de concorrente strassete vècie de pano e foie de carta.
Dopo ntei ani 40 e 50, quando el giornal l´éra el distaco nela region, nò solamente par leder,
però anca pica sù nte un ciodo ntea parede dela patente.
Alora ntei ani 50 quela maniera primitiva de igiene la ga buto la concorensa dela carta
igienica(papel higiênico), però el zera bruto, gratanto seco e pien de ruspeghessa, própio
descòmodo par netarse, che ancora zera mèio doperar l`é foie del giornal, taiade nela
longhessa dela culata e se assea la carta igienica solamente par l`é visìte.
Se anca gavea carta igiènica più civilisà, quelo scuro e aspro ga neta par tanto tempo el cul.
Ricordo che ancora nei ani 80, la carta igiènica che gavea nel antico INPS, zera de un tipo pien
de aspressa, che de pi spaliea che netea. L`é persone dizea che:... Fa finta che`l ze de veludo, se
anca el te tira fia un toco, e questa carta la ze tanto bruta, par fin che la ze riforsà co`l
filamento de asso temperà.
Co`l passar dei ani, conforme el cul ga vignesto più sensìbele, la indùstria dele carte igièniche
ga meliora la tecnologia, cossì l`é persone se ga convento de che una carta più soave zera soldi
ben gasti. Però la abitùdini del “ OFF LABLE” dei giornai nò le me astato nostra invension,
parvia che anca ntea civilità Spagna dei ani 70, quando el giornal El País, zera soto la censura
dei governi fassisti, quelo giornal gaveva ancora granda stima parvia de so qualità sanitária.
Anca in Cuba, el popolo dedica grando rispeto al giornal e nò parvia de so scriti. El giornal
Granma, l`é anca gratanto stima parvia de so foie de soavità. El gional Tribuna de Havana ga la
carta piena de ruspeghessa, cossì el ze meno stimà ntea comunità. Tutavia el giornal Juventud

Rebelde, l`é solamente stimà ntei bagni dele stassion rodoviarie, parvia dela ruspeghessa de so
foie e soratuto parche la so tintura blu ga el costume de stampar notìssie nte le culate.

Português

.
Os hábitos de higiene da população atual poderiam situar a nossa região entre os
povos do Primeiro Mundo. Porém nem sempre foi assim. E até mesmo o papel higiênico muito
teve que “ralar” –em vários sentidos— antes de ser reconhecido como indispensável.
Ainda no final dos anos Cinqüenta, dentro dos preparativos de uma grande festa na
casa algum senhor rural abastado, fazia parte a escolha cuidadosa de uma grande quantidade
de sabugos de milho, limpos e macios, para abastecer a “patente”, como se chamava a casinha
sanitária comum naquela época.
Mas no dia a dia o sabugo tinha uma grande concorrência, da qual o papel higiênico
quase não participava. Folhas como as da língua-de-vaca eram, então, muito prestigiadas.
Punhados de ervas macias diversas também. Só que a arte de bem limpar-se era para
iniciados, visto que algumas plantinhas podiam deixar tristes recordações de uma acocorada
na capoeira à moda antiga --como a dos versos atribuídos ao grande pajador Jayme Caetano
Braun, que ensinavam que “é só limpar como macega no velho estilo gaúcho...” Pois foi numa
dessas que o grande contador de histórias Nelson Ribeiro, quando ainda era uma criança da
escola do professor Zambenedetti –que se situava onde hoje está o Clube Gaúcho, no centro
de Serafina--, ao ouvir a sineta anunciando o final do recreio, e ainda acocorado num macega
próxima à escola, passou a mão rapidamente em um maço das ervas que cresciam ao seu
redor e limpou-se de modo rápido mas vigoroso. Eis que uma súbita e terrível ardência o fez
dar-se conta que aquela era a erva que atendia pelo nome de “brusa-cul”(“queima-cu”)!
Nelson Ribeiro contava que viveu momentos dramáticos em seguida àquela “limpada a la
gaúcha”. A ponto do professor Zambenedetti levá-lo para a sua própria casa, atrás da escola,
para a esposa preparar logo um banho de água de malva e, em seguida, uma compressa de
água-de-rosas, que permitiu voltar à escola em condições ainda dolorosas mas já toleráveis.
Os sabugos e as ervas tinham como concorrentes os trapos velhos e, cada vez mais, os
papéis de diversas origens. Nos anos Quarenta e Cinqüenta o jornal adquiriu grande destaque
em nossa região, e não somente para a leitura. Foi quando surgiu a dúvida, até hoje não
adequadamente esclarecida, de quanto tempo duraria a antiga –e muito volumosa-- edição
dominical do jornal Correio do Povo pendurada no “prego da patente”...
Em algum momento da década de Cinqüenta todos esses modos primitivos de higiene
passaram a ter a concorrência séria do papel higiênico. Mas o de uso costumeiro, um papel
escuro e enrugado, muito seco e áspero, era considerado tão desconfortável que ainda se
considerava vantajoso cortar cuidadosamente quadrados de folhas de jornal de tamanho
proporcional aos bumbuns da casa e deixar o papel higiênico apenas para as visitas...
Mesmo que existisse papel mais civilizado, aquele escuro e áspero imperou por muito
tempo. Lembro que, já nos anos Oitenta, o papel higiênico que as repartições do antigo INPS
dispunham era de um tipo muito cruel --e acusado pelos funcionários de ser mais espalhador
do que limpador. Um dia uma tira dele apareceu, fixada na parede, com um poema escrito:
“Finja que é de veludo/ nem que lhe tire pedaço/pois este papel tão coiudo/que
agüenta metralha e balaço/é de couro do ouriço espinhudo /reforçado com fibras de aço.”
À medida que as nádegas foram ficando mais sensíveis e a indústria papeleira
melhorou sua tecnologia, as pessoas foram gradualmente se convencendo de que um papel
que tivesse mais consideração pelo “forever” seria um dinheiro bem gasto.

Porém o uso “off label” do jornal não foi invenção nossa. Na civilizada Espanha dos
anos Setenta o jornal El País, censurado pelo fascismo, mantinha grande prestígio graças à sua
qualidade sanitária. Dizem que em Cuba o povo tem imenso respeito pelos jornais, ainda que
nem tanto pelo seu texto. E que muito apreciado é o diário Granma, pela maciez de suas
folhas, muito disputadas --até porque são poucas: o jornal só tem 8 páginas. Que o semanário
Tribuna de La Habana tem papel mais áspero e por isso é um jornal menos conceituado. Já o
diário Juventud Rebelde só tem vez nos banheiros das estações rodoviárias porque, além da
crueldade do papel, sua tinta azul tem o péssimo costume de imprimir notícias nas nádegas...

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