La stòria del Fermin (per Ademar Lizot)
La stòria del vècio Firmin, go scoltà quando
zera picinin e, adesso de pi o de meno, de sta manera la racontemo...
L`éra na volta quando el mondo zera altra
cosa e, la region de Soledade zera km e
km de campi, sensa fil e sensa palanchi e, persa in quel paisàgio de incatadora
belessa, gavea na caseta de baro e matoni, postata par sora de na pìcola
ondulassion, giusto nte quel punto in che el ‘Jacui’ fà la curva e, visina de
na vècia ‘fighera’. El so paron zera el vècio Firmin, che meso recluso, el
compia el so destin. De visin nte`n ràgio de 20 km, el gavea solche un casal de
cherochero, un visin sempre franco, sempre sinsero. Par
rivar a quela località, tochea ciapar
quela stradeta, che gavea a la banda drita
del bosco dei bùlgari, alora nte`n troto de mesa ora se podea sguardar
la piantona e, el portel dela estànsia, riforsà e ben fato de guajuvira e, in
sèghito se podea dir;.. ‘- El vècio
Firmin l`é casa, si, varda el camin co la fumana drita al cielo.’
- Óh de casa se disea, alora fora
el saltea, de barbin, bombàcie e cortel co`l mànego de marfin e, dopo del
simaron, el disea:..’Marcolina, porta in qua un vanceto de sorasco par i
foresti.’ La so orìgene no se cognossea, ma bastava
vardarghe i lavri par incòrzerse che qualche antenato dela rasa negra el gavea.
Fora dei sentimenti, no`l zera mia, ma la luna storta si el gavea de poche parole, mai el contea de si, meno
ancora savea dei altri. Bonasso de cuor,
si el zera e, soratuto valente, próprio de
quei quel perìcolo no`l sente e, se anca el peso dela età, el gavea ancora un
perfil de ‘angico’ imponente. ‘-Son pupà de disdoto fioi e nò so mia fiol de
pupà spaventà!’ Cossì el rispondea se qualche curioso ghe domandea. I so fioi i zera spaliàdi par tuto el sud del
Brasil, resultado del tempo quel fea el tropier de mule e cavai con destin a
Sorocaba e, l`é sta cossì che ghe ga vansa i soldi par comprar quel bel toco de
campo e, quando el gavea sessanta passà
ani de età, alora el se ga tolto insieme
la so Marcolina, una legìtima índia Kaingang, parona de una belessa ùnica e
cristalina.
L`é ancora de picinin che imagino
come che zera bela la vita del vècio Firmin, insieme dela so carina e bela
Marcolina, quei viveva in quel paisàgio spetacular, de campi sensa fil e sensa
palanchi, magnando sorasco de manzo o piegorin, con fasoi sgranadi a bastonade
de faldin e, scoltando par ària el
mugito dei bovini, el relìnsio dei cavai e, el strèpito del vent che girea in torno dela
maestosa Fighera.
Òstrega,
che l`é ancora de picinin che go invidia del vècio Firmin.
Ademar Lizot.
A História do Velho Firmino
Quando era criança escutei de meu
pai a história do velho Firmino e, agora de mais ou menos, assim eu lhes conto!
Era uma vez, quando o mundo era outra coisa e, a região de Soledade era
km e km de campos, sem palanques e sem arames e, perdida naquela encantadora paisagem, tinha uma casinha de barro e tijolos,
posicionada acima de uma pequena ondulação, justo naquele ponto em que o ‘Jacui’ faz a curva e, ao lado de uma velha figueira. O seu dono era
o velho Firmino, que assim meio recluso cumpria seu destino. Seu único vizinho
em um raio de 20 km era um casal de ‘Quero-quero’, um vizinho sempre franco,
sempre sincero. Para chegar àquela localidade tinha que deixar a via principal
e pegar a outra estradinha, estreita e pedregosa que tinha no lado direito do
mato dos bugres e, em com um galope de meia hora já se podia avistar a velha
figueira e o portão da estancia, bem feito de guajuvira. Então se podia
dizer;..- O velho Firmin está em casa sim, veja a fumaça do fogo de chão
subindo direta ao céu.
Ao chegar se gritava;..- Ó de casa, então ele saltava para fora, de
bombacha remangada e na cintura uma adaga com cabo de marfim. Depois do
chimarrão ele dizia:..’-Marcolina traz
um resto de churrasco pro andante.’
A sua origem não se sabia, mas bastava olhar seus lábios para notar que ele
tinha um antepassado da raça negra e, embora sentisse o peso da idade, ainda
tinha um perfil de ‘angico’ imponente. Fora das ideias não era, mas a lua meio
torta sim ele tinha e, de poucas palavras, jamais falava de si e menos ainda
sabia dos outros, mas de bom coração, sim era e também valente, desses que o
perigo não sente. Diziam que mais de um
havia matado, mas não acredito em tudo que o povo diz, embora naqueles tempos
se matassem pela cor de um lenço.
‘-Sou pai de dezoito filhos e não sou filho de pai assustado!’ Assim ele
respondia se algum curioso lhe pedia. Seus filhos estavam espalhados por todo
sul do Brasil, resultado do tempo que trabalhou de tropeiro de cavalos e mulas
para o mercado de Sorocaba e, foi assim que juntou dinheiro para comprar aquela
quadra de campo e, quando tinha mais de sessenta anos, então se juntou com sua
Marcolina, uma legítima índia Kaingang, possuidora de uma beleza única e
silvestre.
Sempre que lembro deste relato de meu pai, me
paro a imaginar como devia ser bela a
vida do velho Firmino, junto de sua querida e bela Marcolina, vivendo naquela
paisagem espetacular dos campos de Soledade, comendo churrasco e feijão preto
e, o únicos ruídos que acariciavam seus ouvidos era o mugido dos bovinos, o
relincho dos cavalos e o estrépito do vento que girava em torno da majestosa
figueira.
Bah... é desde menino que tenho inveja do
velho Firmino!
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