Sti ani, ntel tempo dela simplissità, no se gaveva mea el àbito de regalarse con presenti, solamente dei genitori se guadagnea el indispensàbile, un congiunto de robe par laorar e altro par i giorni de festa, un par de scarpe par andar a messa nela doménega e quando se svilupea, co`l sorgimento dei mostacii, se guadagnea un par de stivai, par meter su ntei giorni fredi e anca par andar ntel balo al sabo de note. In quei ani quando se guadagnea qualche cosa difarente, zera un vero sucedimento. Cossì zera el regalo che go guadagnà de mio pupà, un capel de feltro, de color negro de l`ala granda, ornato co`l barbicasso fato de due cordete de corame, pareciade con caprìssio e tacade sú nte una sìnsia rossa e finito nte una franza de color bianco. El suo afar zera tegner su el capel ntea testa.
Ntel quel giorno,
de mio cumpleano, ricordo che`l pupà me
ga dito par portar el capel co la ala scavessada in su, a la medésima maniera de mio nono, suo
pupà. Alora co`i òcii pieni de encantamento, lo go metesto in testa par la prima volta e par
tanti ani el zera el regalo dela mia stima, podeva andar a altri posti, fursi sensa la
colassion, ma nò sensa quel capel che fea parte dela mia vestimenta e par mi el zera
anca un amuleto che portea bona fortuna par trovar l`é tose, parvia che i me òcii i zera sempre in cerca de qualcheduna,
co`l ogetivo de morosar. Al sabo e doménega al dopo el meso
di, quando andea ntea comunità, portea
el capeleto in testa pien de garbo, de maniera de èsser varda e col barbicasso
passando par soto del barbin, par el vent nò portalo via dela testa. Nte quel tempo indesmentegàbile dela mia
gioventù, doperava sto
capel anca con la ala sbassada par vardar
l`é tose, soto via, con
tranquilità e sensa èsser visto, e quando catea una de mio gusto, una de quele che quando alsa su l`é pàlpere dei òcii fin la note se ciarea come se fussi el ciaro dela stela d`alba, alora scavessea la ala in su e dopo davanti dela
tosa, cavea el
capel dela testa compagno un vero fidalgo, con elegansa e garbo, par dopo
saludarla con parole de dolcessa. Dopo
lo assea apoia ntea schena, tegnesto par el barbicasso picà ntel col. Ntea doménega
quando andea ntea mesa, rento dela cesa lo lassava sora el banco o lo tegnea in
man, in rispeto a la casa del Signor.
Quel
capel de pano negro co`l barbicasso de corame rosso e la franza bianca, regalo de mio pupà, go mai desmentegà, parvia dei momenti vivesti
insieme ntea mia gioventù, l`época più bela dela vita, quando zera sempre
in cerca de qualcheduna e sensa paura de gniente. Adesso dopo de tanti ani, ancora go el àbito benedeto
de portar el capel in testa, ale volte co la ala scavessada in su, a la maniera
de mio nono e ale volte sbassada in zo par nò vardar mea l`é cose brute de
questi bruti tempi.
Ademar Lizot.
(trad.)
Chapéu de
Barbicacho
Anos atrás, aquele
tempo que o vento levou, não se tinha o costume de dar presentes, somente dos
pais ganhávamos o indispensável, um conjunto de roupas para o trabalho e uma
muda para os dias de festa, também um par de sapatos para ir a missa aos
domingos e quando crescíamos e começava a despontar o bigode, ganhávamos um par
de botas para os dias de inverno e para ir aos bailes nos sábados. Naquele
tempo quando ganhávamos alguma coisa diferente, era um acontecimento. Assim foi
o presente que ganhei de meu pai, um chapéu de pano preto, com barbicacho feito
com duas tranças de couro, trabalhadas com primor, unidas num passador e
arrematadas em cacho, sua função era segurar o chapéu na cabeça.
Naquele dia de meu aniversário, ainda lembro que meu
pai falou para usar o chapéu com a aba erguida para trás, no mesmo feitio de
meu avô, seu pai. Então naquele momento com os olhos plenos de encantamento,
botei chapéu na testa pela primeira vez e depois por muitos anos ele foi objeto
de minha estima, que até podia sair de casa sem comer, mas não sem meu chapéu,
que fazia parte de minha vestimenta e para mim era como um amuleto que trazia
boa sorte para encontrar as gurias, pois naquela época meus olhos estavam
sempre a espreita de uma, para namorar. Aos sábados e domingos após o meio dia,
quando ia passear na comunidade, usava o chapéu cheio de garbo, de maneira a
ser visto e com o barbicacho passando por trás da barba, para o vento não
leva-lo embora. Naquele tempo inesquecível de minha juventude, as vezes usava o
chapéu com a aba virada para baixo, para olhar as gurias, com calma e sem ser
visto e quando encontrava aquela do meu querer, uma que quando ergue as
sobrancelhas os até a noite se ilumina como se fosse a luz da
estrela D´alva.com os olhos belos igual a luz da estrala d´alva, uma que com
seu olhar até a noite se ilumina, então tapiava o chapéu na testa e na frente
da moça, o sacava como se fosse um fidalgo, com elegância e garbo, para depois
falar-lhe com palavras suaves. Nestes momentos deixava o chapéu apoiado nas
costas, seguro pelo barbicacho. Nos domingos quando ia na missa, dentro da
igreja o deixava sobre o banco ou segurava na mão em respeito a casa de Nosso Senhor.
Aquele chapéu de
pano preto e barbicacho de couro vermelho e cacho branco, presente de meu pai
eu jamais esqueci, devidos os belos momentos vividos em minha juventude, a
época mais linda da vida, quando estava sempre procurando alguma prenda e sem
medo de nada. Hoje depois de tantos anos, ainda tenho o habito sagrado de usar
o chapéu, as vezes com a aba tapiada pra trás, ao feitio de meu avô e as vezes
com a aba pra baixo, tapando os olhos para não enxergar as coisas feias destes
tempos de brutalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou?Comente aqui e se possível inscreva-se.